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Informações
A cultura do café tem sido estudada por meio do sensoriamento remoto, desde o lançamento do primeiro satélite da série Landsat. É bem verdade que os resultados dos primeiros estudos utilizando as imagens do sensor MSS (Multispectral Scanner Subsystem) do Landsat 1, 2 e 3, para identificar e mapear áreas com café foram desanimadores, conforme é apresentado nos trabalhos de Veloso, (1974); Veloso e Souza (1976) e Veloso e Souza (1978). Por essa razão e pelos poucos recursos computacionais disponíveis fizeram com que as pesquisas de sensoriamento remoto relacionadas com a cultura entrassem num período de hibernação.
Na década de 90 do século passado, os estudos foram novamente retomados e, nesta época, Tardin et al. (1992) obtiveram resultados mais animadores do que àqueles encontrado nos trabalhos anteriores. Os autores constataram que o café poderia ser mapeado por meio de imagens do sensor TM do Landsat, devido a melhoria nas resoluções radiométrica, espacial e espectral, com a inserção de uma banda na faixa do infravermelho médio. No entanto, a metodologia desenvolvida nesta pesquisa certamente não pode ser aplicada de modo operacional, por que foi um estudo teste, realizado numa área pequena, onde predomina um relevo plano a ondulado.
De modo geral, o cultivo do café no Brasil não apresenta um padrão característico de manejo e de tamanho de lavouras, como nas áreas teste apresentadas por Tardin et al. (1992). As lavouras de café são implantadas nos mais diversos relevos, desde o plano até encostas e topos de morros, com o mais diverso tamanho de área e com variedades de diferentes portes, das quais pode-se citar as variedades de porte alto: Mundo Novo, Acaiá, Icatú; e de porte baixo: Catuaí e Caturra; dentre outras. Além disso, o espaçamento utilizado para implantar a lavoura também varia muito, desde o plantio normal (800 a 5000 covas por ha), adensado (5.000 a 10.000 covas por ha) e super-adensado (mais que 10.000 covas por ha). No tocante ao manejo das lavouras, verifica-se grande diversidade, com lavouras de café sombreado, com quebra-ventos, com irrigação por pivô central ou por gotejamento, sem irrigação, dentre muitas outras.
Diante desta realidade Moreira et al. (2004), na tentativa de mapear o café numa região de relevo mais acidentado, constataram que o padrão espectral dos cafezais varia em função do espaçamento, da idade das lavouras, do cultivar, da face do relevo e dos tratos culturais. No entanto, os autores afirmaram que, apesar dessa variação, o café pode ser mapeado em imagens do Landsat/TM com razoável precisão, desde que seja adotada uma abordagem metodológica especifica para o café.
Diante disto, o projeto CAFESAT surge no ano de 2005 com um grande desafio, ou seja, provar que é possível mapear a cafeicultura brasileira nas principais regiões produtoras do País, por meio de dados orbitais de média resolução espacial (Landsat, SPOT, CBERS, entre outros) e disponibilizar essas informações num ambiente web. É evidente que a metodologia adotada para mapear soja, cana-de-açúcar, trigo, não é adequada para o café. Assim, foram precisos muitos esforços no sentido de estabelecer uma metodologia apropriada e quase que exclusiva para o café, fundamentada na interpretação visual das imagens na tela do computador. Em outras palavras, quase tudo que foi incorporado na abordagem metodológica teve que ser investigado inicialmente.
Na fase inicial, o projeto contou com apoio financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e, na segunda fase, o projeto contou com ao apoio financeiro do Consórcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café – CBP&D/Café, com duração de três anos. Os resultados de todas as pesquisas realizadas até o momento com dados orbitais na cultura do café, bem como o banco de dados georreferenciados encontram-se neste site, para que a comunidade tenha acesso a estas informações.
É bem verdade que o tempo de duração do projeto (três anos) e o número de participantes nesta fase final limitaram a expansão da metodologia para outras regiões produtoras, como a Bahia, o Espírito Santo, o Paraná e Rondônia, etc. Apesar disso, os resultados obtidos em Minas Gerais e São Paulo permitem afirmar que a metodologia pode ser aplicada em outras regiões, com algumas limitações e adequações, que será a meta para a continuidade deste projeto.
Referências
MOREIRA, M. A.; ADAMI, M.; RUDORFF, B. F. T. Análise espectral e temporal da cultura do café em imagens Landsat. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n. 3, p. 223-231, 2004.
TARDIN, A. T.; ASSUNÇÃO, G. V.; SOARES, J. V. Análise preliminar de imagens TM visando a discriminação de café, citrus e cana-de-açúcar na região de Furnas-MG. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.27, p.1355-1361, 1992.
VELOSO, M.H. Coffe inventory through orbital imagery. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro do Café, 1974. 20p. (SR-525).
VELOSO, M. H.; SOUZA, D. D. Sistema automático de inventário cafeeiro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Café, 1976. 8p.
VELOSO, M. H.; SOUZA, D. D. Trabalho experimental de inventariação automática de cafezais utilizando imagens orbitais e o equipamento image-100. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro do Café, 1978. 2p.
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